.96.5.8 MORTE
C.96.5.8.1 Descida de
Cristo aos infernos
§631 "Jesus desceu às profundezas da
terra. Aquele que desceu é também aquele que subiu" (Ef 4,9-10). O Símbolo
dos Apóstolos confessa em um mesmo artigo de fé a descida de Cristo aos
Infernos e sua Ressurreição dos mortos no terceiro dia, porque em sua Páscoa é
do fundo da morte que ele fez jorrar a vida:
Cristo, teu Filho, que, retomado dos Infernos,
brilhou sereno para o gênero humano, e vive e reina pelos séculos dos séculos.
Amem.
§632 As freqüentes afirmações do Novo
Testamento segundo as quais Jesus "ressuscitou dentre os mortos"
(1Cor 15,20) pressupõem, anteriormente à ressurreição, que este tenha ficado na
Morada dos Mortos. Este é o sentido primeiro que a pregação apostólica deu à
descida de Jesus aos Infernos: Jesus conheceu a morte como todos os seres
humanos e com sua alma esteve com eles na Morada dos Mortos. Mas para lá foi
como Salvador, proclamando a boa notícia aos espíritos que ali estavam aprisionados.
§633 A Escritura denomina a Morada dos Mortos,
para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o selo ou o Hades, Visto que
os que lá se encontram estão privados da visão de Deus. Este é, com efeito, o
estado de todos os mortos, maus ou justos, à espera do Redentor que não
significa que a sorte deles seja idêntica, como mostra Jesus na parábola do
pobre Lázaro recebido no "seio de Abraão". "São precisamente
essas almas santas, que esperavam seu Libertador no seio de Abraão, que Jesus
libertou ao descer aos Infernos". Jesus não desceu aos Infernos para ali
libertar os condenados nem para destruir o Inferno da condenação, mas para
libertar os justos que o haviam precedido.
§634 "A Boa Nova foi igualmente anunciada
aos mortos..." (1Pd 4,6). A descida aos Infernos é o cumprimento, até sua
plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a fase última da missão
messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente vasta em sua
significação real de extensão da obra redentora a todos os homens de todos os
tempos e de todos os lugares, pois todos os que são salvos se tomaram
participantes da Redenção.
§635 Cristo desceu, portanto, no seio da
terra, a fim de que "os mortos ouçam a voz do Filho de Deus e os que a
ouvirem vivam" (Jo 5,25). Jesus, "o Príncipe da vida",
"destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, O Diabo, e libertou os
que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte" (Hb
2,5). A partir de agora, Cristo ressuscitado "detém a chave da morte e do
Hades" (Ap 1,18), e "ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na
Terra e nos Infernos" (Fl 2,10).
Um grande silêncio reina hoje na terra, um
grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o Rei dorme. A
terra tremeu e acalmou-se porque Deus adormeceu na carne e foi acordar os que
dormiam desde séculos... Ele vai procurar Adão, nosso primeiro Pai, a ovelha
perdida. Quer ir visitar todos os que se assentaram nas trevas e à sombra da
morte. Vai libertar de suas dores aqueles dos quais é filho e para os quais é
Deus: Adão acorrentado e Eva com ele cativa. "Eu sou teu Deus, e por causa
de ti me tornei teu filho. Levanta-te, tu que dormes, pois não te criei para
que fiques prisioneiro do Inferno: Levanta-te dentre os mortos, eu sou a Vida
dos mortos."
§636 Na expressão "Jesus desceu à mansão
dos mortos", o símbolo confessa que Jesus morreu realmente e que, por sua
morte por nós, venceu a morte e o Diabo, "o dominador da morte. (Hb 2,14)
C.96.5.8.2 Desígnio
salvífico e morte de Cristo
§571 O mistério pascal da Cruz e da
Ressurreição de Cristo está no centro da Boa Nova que os apóstolos e a Igreja,
na esteira deles, devem anunciar ao mundo. O projeto salvador de Deus
realizou-se "uma vez por todas" (Hb 9,26) pela morte redentora de seu
Filho, Jesus Cristo.
§572 A Igreja permanece fiel à
"interpretação de todas as Escrituras" dada por Jesus mesmo antes e
também depois de sua Páscoa. "Não era preciso que Cristo sofresse tudo
isso e entrasse em sua glória?" (Lc 24,26). Os sofrimentos de Jesus
tomaram sua forma histórica concreta pelo fato de ele ter sido "rejeitado
pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas" (Mc 8,31),
que o "entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e
crucificado" (Mt 20,19).
C.96.5.8.3 Efeitos e
significação da morte de Cristo
§634 "A Boa Nova foi igualmente anunciada
aos mortos..." (1Pd 4,6). A descida aos Infernos é o cumprimento, até sua
plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a fase última da missão
messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente vasta em sua
significação real de extensão da obra redentora a todos os homens de todos os
tempos e de todos os lugares, pois todos os que são salvos se tomaram
participantes da Redenção.
§636 Na expressão "Jesus desceu à mansão
dos mortos", o símbolo confessa que Jesus morreu realmente e que, por sua
morte por nós, venceu a morte e o Diabo, "o dominador da morte. (Hb 2,14)
§637 O Cristo morto, em sua alma unida à sua
pessoa divina, desceu à Morada dos Mortos. Abriu as portas do Céu aos justos
que o haviam precedido.
C.96.5.8.4 Morte de
Cristo como oblação
§606 O Filho de Deus, que "desceu do Céu
não para fazer sua vontade, mas a do Pai que o enviou", "diz ao
entrar no mundo:.. Eis-me aqui... eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade...
Graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus
Cristo, realizada uma vez por todas" (Hb 10,5-10). Desde o primeiro
instante de sua Encarnação, o Filho desposa o desígnio de salvação divino em
sua missão redentora: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me
enviou e consumar sua obra" (Jo 4,34). O sacrifício de Jesus "pelos
pecados do mundo inteiro" (1Jo 2,2) é a expressão de sua comunhão de amor
ao Pai: "O Pai me ama porque dou a minha vida" (Jo 10,17). "O
mundo saberá que amo o Pai e faço como o Pai me ordenou" (Jo 14,31).
§607 Este desejo de desposar o desígnio de
amor redentor de seu Pai anima toda a vida de Jesus pois sua Paixão redentora é
a razão de ser de sua Encarnação: "Pai, salva-me desta hora. Mas foi
precisamente para esta hora que eu vim" (Jo 12,27). "Deixarei eu de
beber o cálice que o Pai me deu?" (Jo 18,11). E ainda na cruz, antes que
tudo fosse "consumado" (Jo 19,30), ele disse: "Tenho sede"
(Jo 19,28).
"O CORDEIRO QUE TIRA O PECADO DO
MUNDO"
§608 Depois de ter aceitado dar-lhe o Batismo
junto com os pecadores, João Batista viu e mostrou em Jesus o "Cordeiro de
Deus, que tira os pecados do mundo". Manifesta, assim que Jesus é ao mesmo
tempo o Servo Sofredor que se deixa levar silencioso ao matadouro e carrega o
pecado das multidões e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel por
ocasião da primeira Páscoa Toda a vida de Cristo exprime sua missão:
"Servir e dar sua vida em resgate por muitos".
JESUS ABRAÇA LIVREMENTE O AMOR REDENTOR DO PAI
§609 Ao abraçar em seu coração humano o amor
do Pai pelos homens, Jesus "amou-os até o fim" (Jo 13,11), "pois
ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo
15,13). Assim, no sofrimento e na morte, sua humanidade se tornou o instrumento
livre e perfeito de seu amor divino, que quer a salvação dos homens. Com
efeito, aceitou livremente sua Paixão e sua Morte por amor de seu Pai e dos
homens, que o Pai quer salvar: "Ninguém me tira a vida, mas eu a dou
livremente" (Jo 10,18). Daí a liberdade soberana do Filho de Deus quando
Ele mesmo vai ao encontro da morte.
NA CEIA, JESUS ANTECIPOU A OFERTA LIVRE DE SUA
VIDA
§610 Jesus expressou de modo supremo a oferta
livre de si mesmo na refeição que tomou com os Doze Apóstolos na "noite em
que foi entregue" (1 Cor 11,23). Na véspera de sua Paixão, quando ainda
estava em liberdade, Jesus fez desta Última Ceia com seus apóstolos o memorial
de sua oferta voluntária ao Pai, pela salvação dos homens: "Isto é o meu
corpo que é dado por vós" (Lc 22,19). "Isto é o meu sangue, o sangue
da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados" (Mt
26,28).
§611 A Eucaristia que instituiu naquele
momento será o "memorial" de seu sacrifício. Jesus inclui os
apóstolos em sua própria oferta e lhes pede que a perpetuem. Com isso, institui
seus apóstolos sacerdotes da Nova Aliança: "Por eles, a mim mesmo me
santifico, para que sejam santificados na verdade" (Jo 17,19).
A AGONIA NO GETSÊMANI
§612 O cálice da Nova Aliança, que Jesus
antecipou na Ceia, oferecendo-se a si mesmo, aceita-o em seguida das mãos do
Pai em sua agonia no Getsêmani, tornando-se "obediente até a morte"
(Fl 2,8). Jesus ora: "Meu Pai, se for possível, que passe de mim este
cálice..." (Mt 26,39). Exprime assim o horror que a morte representa para
sua natureza humana. Com efeito, a natureza humana de Jesus, como a nossa, está
destinada à Vida Eterna; além disso, diversamente da nossa, ela é totalmente
isenta de pecado, que causa a morte"; mas ela é sobretudo assumida pela
pessoa divina do "Príncipe da Vida", do "vivente". Ao
aceitar em sua vontade humana que a vontade do Pai seja feita, aceita sua morte
como redentora para "carregar em seu próprio corpo os nossos pecados sobre
o madeiro" (1Pd 2,24).
A MORTE DE CRISTO É O SACRIFÍCIO ÚNICO E
DEFINITIVO
§613 A morte de Cristo é ao mesmo tempo o
sacrifício pascal, que realiza a redenção definitiva dos homens pelo
"cordeiro que tira o pecado do mundo", e o sacrifício da Nova
Aliança, que reconduz o homem à comunhão com Deus, reconciliando-o com ele pelo
"sangue derramado por muitos para remissão dos pecados".
§614 Este sacrifício de Cristo é único. Ele
realiza e supera todos os sacrifícios. Ele é primeiro um dom do próprio Deus
Pai: é o Pai que entrega seu Filho para reconciliar-nos consigo. É ao mesmo
tempo oferenda do Filho de Deus feito homem, o qual, livremente e por amor,
oferece sua vida a seu Pai pelo Espírito Santo, para reparar nossa
desobediência.
JESUS SUBSTITUI NOSSA DESOBEDIÊNCIA POR SUA
OBEDIÊNCIA
§615 Como pela desobediência de um só homem
todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão
justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a
substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício
expiatório", "quando carregava o pecado das multidões",
"que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus
prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.
NA CRUZ, JESUS CONSUMA SEU SACRIFÍCIO
§616 É "o amor até o fim" que
confere o Valor de redenção de reparação, de expiação e de satisfação ao
sacrifício de Cristo. Ele nos conheceu a todos e amou na oferenda de sua vida.
"A caridade de Cristo nos compele quando consideramos que um só morreu por
todos e que, por conseguinte, todos morreram" (2 Cor 5,14). Nenhum homem,
ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos
os homens e de se oferecer em sacrifício por todos. A existência em Cristo da
Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao mesmo tempo, abraça todas as pessoas
humanas, e que o constitui Cabeça de toda a humanidade, torna possível seu
sacrifício redentor por todos.
§617 "Sua sanctissima passione in ligno
crucis nobis iustificationem meruit - Por sua santíssima Paixão no madeiro da
cruz mereceu-nos a justificação", ensina o Concílio de Trento, sublinhando
o caráter único do sacrifício de Cristo como "princípio de salvação
eterna". E a Igreja venera a Cruz, cantando: crux, ave, spes única -
Salve, ó Cruz, única esperança".
NOSSA PARTICIPAÇÃO NO SACRIFÍCIO DE CRISTO
§618 A Cruz é o único sacrifício de Cristo,
"único mediador entre Deus e os homens". Mas pelo fato de que, em sua
Pessoa Divina encarnada, "de certo modo uniu a si mesmo todos os
homens", "oferece a todos os homens, de uma forma que Deus conhece, a
possibilidade de serem associados ao Mistério Pascal". Chama seus
discípulos a "tomar sua cruz e a segui-lo", pois "sofreu por
nós, deixou-nos um exemplo, a fim de que sigamos seus passos". Quer
associar a seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários
dele. Isto realiza-se de maneira suprema em sua Mãe, associada mais intimamente
do que qualquer outro ao mistério de seu sofrimento redentor:
C.96.5.8.5 Morte de Cristo como redenção
§573 A fé pode, pois, tentar perscrutar as circunstâncias
da Morte de Jesus, transmitidas fielmente pelos Evangelhos e iluminadas por
outras fontes históricas, para melhor compreender o sentido da Redenção.
§599 A morte violenta de Jesus não foi o
resultado do acaso um conjunto infeliz de circunstâncias. Ela faz parte do
mistério do projeto de Deus, como explica São Pedro aos judeus de Jerusalém já
em seu primeiro discurso de Pentecostes: "Ele foi entregue segundo o
desígnio determinado e a presciência de Deus" (At 2,23). Esta linguagem
bíblica não significa que os que "entregaram Jesus" tenham sido
apenas executores passivos de um roteiro escrito de antemão por Deus.
§600 Para Deus, todos os momentos do tempo
estão presentes em sua atualidade. Ele estabelece, portanto, seu projeto eterno
de "predestinação" incluindo nele a resposta livre de cada homem à
sua graça: "De fato, contra teu servo Jesus, a quem ungiste,
verdadeiramente coligaram-se, nesta cidade, Herodes e Pôncio Pilatos com as
nações pagãs e os povos de Israel, para executar tudo o que, em teu poder e
sabedoria, havias predeterminado" (At 4,27-28). Deus permitiu os atos
nascidos de sua cegueira, a fim de realizar seu projeto de salvação.
"MORREU POR NOSSOS PECADOS SEGUNDO AS
ESCRITURAS"
§601 Este projeto divino de salvação mediante
a morte do "Servo, o Justo" havia sido anunciado antecipadamente na
Escritura como um mistério de redenção universal, isto é, de resgate que
liberta os homens da escravidão do pecado. São Paulo, em sua confissão de fé
que diz ter "recebido secundum Scripturas", professa que "Cristo
morreu por nossos pecados segundo as Escrituras. A morte redentora de Jesus
cumpre em particular a profecia do Servo Sofredor. Jesus mesmo apresentou o
sentido de sua vida e de sua morte à luz do Servo Sofredor. Após a sua
Ressurreição, ele deu esta interpretação das Escrituras aos discípulos de
Emaús, e depois aos próprios apóstolos.
"AQUELE QUE NÃO CONHECERA O PECADO, DEUS
O FEZ PECADO POR CAUSA DE NÓS"
§602 Por isso, São Pedro pode formular assim a
fé apostólica no projeto divino de salvação: "Fostes resgatados da vida
fútil que herdastes de vossos pais, pelo sangue precioso de Cristo, como de um
cordeiro sem defeitos e sem mácula, conhecido antes da fundação do mundo, mas
manifestado, no fim dos tempos, por causa de vós" (1Pd 1,18-20). Os
pecados dos homens, depois do pecado original, são sancionados pela morte. Ao
enviar seu próprio Filho na condição de escravo, condição de uma humanidade
decaída e fadada à morte por causa do pecado. "Aquele que não conhecera o
pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos
justiça de Deus" (2Cor 5,21).
§603 Jesus não conheceu a reprovação, como se
Ele mesmo tivesse pecado. Mas, no amor redentor que sempre o unia ao Pai, nos
assumiu na perdição de nosso pecado em relação a Deus a ponto de poder dizer em
nosso nome, na cruz: "Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?" (Mc
15,34). Tendo-o tornado solidário de nós, pecadores, "Deus não poupou seu
próprio Filho, mas o entregou por todos nós" (Rm 8,32), a fim de que
fôssemos "reconciliados com Ele pela morte de seu Filho" (Rm 5,10).
DEUS TEM A INICIATIVA DO AMOR REDENTOR
UNIVERSAL
§604 Ao entregar seu Filho por nossos pecados,
Deus manifesta que seu desígnio sobre nós é um desígnio de amor benevolente que
antecede a qualquer mérito nosso: "Nisto consiste o amor: não fomos nós
que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima
de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10). "Deus demonstra seu amor
para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda
pecadores" (Rm 5,8).
§605 Este amor não exclui ninguém. Jesus
lembrou-o na conclusão da parábola da ovelha perdida: "Assim, também, não
é da vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se
perca" (Mt 18,14). Afirma ele "dar sua vida em resgate por
muitos" (Mt 20,28); este último termo não é restritivo: opõe o conjunto da
humanidade à única pessoa do Redentor que se entrega para salvá-la. A Igreja,
no seguimento dos apóstolos, ensina que Cristo morreu por todos os homens sem
exceção: "Não há, não houve e não haverá nenhum homem pelo qual Cristo não
tenha sofrido"
§619 "Cristo morreu por nossos pecados,
segundo as Escrituras" (1Cor 15,3).
C.96.5.8.6 Morte de
Cristo e Batismo como morte ao pecado com Cristo
§628 O Batismo, cujo sinal original e pleno é
a imersão, significa eficazmente a descida ao túmulo do cristão que morre para
o pecado com Cristo em vista de uma vida nova: "Pelo Batismo nós fomos
sepultados com Cristo na morte, a fim de que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova"
(Rm 6,4).
§790 Os crentes que respondem à Palavra de
Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo ficam estreitamente unidos a
Cristo: "Neste corpo, a vida de Cristo se difunde por meio dos crentes que
os sacramentos, de forma misteriosa e real, unem a Cristo sofredor e
glorificado" Isto é particularmente verdade com relação ao Batismo, pelo
qual somos unidos à morte e à Ressurreição de Cristo, e com relação à
Eucaristia, pela qual, "participando realmente do Corpo de Cristo",
"somos elevados à comunhão com ele e entre nós"'
§1214 Ele é denominado Batismo com base no
rito central pelo qual é realizado: batizar ("baptizem", em grego)
significa "mergulhar", "imergir"; o "mergulho" na
água simboliza o sepultamento do catecúmeno na morte de Cristo, da qual com Ele
ressuscita como "nova criatura" (2Cor 5,17; Gl 6,15).
C.96.5.8.7 Sepultura de
Cristo
§624 "Pela graça de Deus, Ele provou a
morte em favor de todos os homens" (Hb 2,9). Em seu projeto de salvação,
Deus dispôs que seu Filho não somente "morresse por nossos pecados"
(1Cor 15,3), mas também que "provasse a morte", isto é, conhecesse o
estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o
tempo compreendido entre o momento em que expirou na cruz e o momento em que
ressuscitou. Este estado do Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida
aos Infernos. É o mistério do Sábado Santo, que o Cristo depositado no túmulo
manifesta o grande descanso sabático de Deus depois da realização da salvação
dos homens, que confere paz ao universo inteiro.
CRISTO COM SEU CORPO NA SEPULTURA
§625 A permanência de Cristo no túmulo
constitui o vínculo real entre o estado passível de Cristo antes da Páscoa e
seu atual estado glorioso de Ressuscitado. E a mesma pessoa do
"Vivente" que pode dizer: "Estive morto, mas eis que estou vivo
pelos séculos dos séculos" (Ap 1,18).
Deus [o Filho] não impediu a morte de separar
a alma do corpo segundo a ordem necessária à natureza, mas os reuniu novamente
um ao outro pela Ressurreição, a fim de ser ele mesmo em sua pessoa o ponto de
encontro da morte e da vida, sustando nele a decomposição da natureza,
produzida pela morte, e tomando-se ele mesmo princípio de reunião para as
partes separadas.
§626 Visto que o "Príncipe da vida"
que mataram é o mesmo "Vivente que ressuscitou" é preciso que a
Pessoa Divina do Filho de Deus tenha continuado a assumir sua alma e seu corpo
separados entre si pela morte:
Pelo fato de que na morte de Cristo a alma
tenha sido separada da carne, a única pessoa não foi dividida em duas pessoas,
pois o corpo e a alma de Cristo existiram da mesma forma desde o início na
pessoa do Verbo; e na Morte, embora separados um do outro, ficaram cada um com
a mesma e única pessoa do Verbo.
"NÃO DEIXARÁS TEU SANTO VER A
CORRUPÇÃO"
§627 A Morte de Cristo foi uma Morte
verdadeira enquanto pôs fim à sua existência humana terrestre. Mas, devido à
união que a pessoa do Filho manteve com o seu corpo, não estamos diante de um
cadáver como os outros, porque "não era possível que a morte o retivesse
em seu poder" (At 2,24) e porque "a virtude divina preservou o corpo
de Cristo da corrupção". Sobre Cristo pode-se dizer ao mesmo tempo:
"Ele foi eliminado da terra dos vivos" (Is 53,8) e "Minha carne
repousará na esperança, porque não abandonarás minha alma no Hades, nem
permitirás que teu Santo veja a corrupção" (At 2,26-27). A Ressurreição de
Jesus "no terceiro dia" (1 Cor 15,4; Lc 24,46) foi a prova disso,
pois se pensava que a corrupção se manifestaria a partir do quarto dia.
"SEPULTADOS COM CRISTO...
§628 O Batismo, cujo sinal original e pleno é
a imersão, significa eficazmente a descida ao túmulo do cristão que morre para
o pecado com Cristo em vista de uma vida nova: "Pelo Batismo nós fomos
sepultados com Cristo na morte, a fim de que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova"
(Rm 6,4).
§629 Em benefício de todo homem, Jesus
experimentou a morte. Foi verdadeiramente o Filho de Deus feito homem que
morreu e que foi sepultado.
§630 Durante a permanência de Cristo no túmulo, sua Pessoa Divina
continuou a assumir tanto a sua alma como o seu corpo, embora separados entre
si pela morte. Por isso o corpo Cristo morto "não viu a corrupção"
(At 2,27).
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