quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Cantinho do Crismando

As bem aventuranças
As bem-aventuranças são 9 ensinamentos que, de acordo com o Novo Testamento, Jesus Cristo pregou no Sermão da Montanha para ensinar e revelar aos homens a verdadeira felicidade. Na verdade trata-se de um gênero literário com mais de 100 exemplos ao longo da Bíblia tanto no Antigo quanto Novo Testamento, com antecedentes em textos de outras culturas, em especial, dos egípcios. Recorre-se a este gênero para expressar uma felicitação as pessoas que pelo seu exemplo de vida estão ligadas de modo especial a Deus.
As bem-aventuranças anunciam também a vinda do Reino de Deus através da palavra e ação de Jesus, que tornam a justiça divina presente no mundo. Elas revelam também o caráter das pessoas que pertencem ao Reino de Deus, exortando as pessoas a seguir este carácter exemplar. Segundo os ensinamentos de Cristo, nós atingimos na plenitude a nossa felicidade quando, depois da nossa morte, vivermos eternamente ao lado de Deus, fonte da vida, de toda a verdade e de toda a felicidade.
Cada bem-aventurança consiste de duas partes: uma condição e um resultado. Em quase  todos os casos, as frases são familiares ao Velho Testamento, mas o sermão de Jesus as eleva à condição de um novo ensinamento. No conjunto, as bem-aventuranças apresentam um novo conjunto de ideais, com foco no amor e humildade, ecoando ensinamentos de espiritualidade e compaixão.
Resumindo e usando as palavras do Catecismo da Igreja Católica (CIC), as bem-aventuranças nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino de Deus, a visão de Deus, a participação na natureza divina, a vida eterna, a filiação divina, o repouso em Deus.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
Mateus 5, 3-12)
3Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
4Felizes os aflitos, porque serão consolados.
5Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
6Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
7Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
8Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
9Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
10Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
11Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de Mim.
12Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.

Cantinho do Crismando






As Obras de Misericórdia

Com muita freqüência somos convidados a usar ou ter misericórdia para com aqueles que de alguma forma nos ofenderam. Usar de misericórdia traz uma conotação de perdão, de reconciliação. No seu significado original, misericórdia significa trazer no coração a miséria, a limitação humana como caminho de identificação e de transformação do outro.
Quero que o outro seja diferente, tenha mais vida e dignidade. Por isso que chamamos Jesus de misericordioso. Ele foi o único que assumiu a nossa miséria humana e a transformou em vida de plenitude e de graça, fazendo-nos herdeiros de uma eternidade feliz. Neste caminho, a igreja nos oferece sete obras que chamamos de “Misericórdia” que nos ajudam a viver e ser misericordiosos na prática do dia a  dia.
Passo a elencar as sete obras de misericórdia, sete porque em seu significado bíblico significa sem limites, sem um número limitado: 
“ Ensinar os que não sabem”, que obra maravilhosa essa,  tantos educadores nesta semana recomeçam a missão de transmitir conhecimentos, mas principalmente ensinar a amar e defender a vida. Coragem professores, vocês tem em suas mãos a oportunidade de formar desde os mais pequenos até os universitários, não só a cabeça e sim os corações. 
“Dar conselhos a quem dele necessita”, tem um ditado que diz assim: de bons conselhos o inferno está cheio; ou se conselho fosse bom ninguém daria. Não podemos esquecer que o Conselho é dom do Espírito Santo. Quanta coisa errada, deixaríamos de fazer se tivéssemos um bom conselheiro ao nosso lado.
“Corrigir as injúrias”, essa obra de misericórdia nos lembra que antes de qualquer atitude condenatória, a nossa atitude deve ser  a de corrigir, alertar, reorientar a vida e as decisões do outro. A correção fraterna era uma das práticas mais comuns das primeiras comunidades cristãs. Ainda hoje existem comunidades e movimentos que fazem desta prática um verdadeiro trampolim em busca de perfeição. Eu já tive a graça de participar várias vezes desta prática, inclusive em grupo.
“Perdoar as injúrias”,  Como é difícil ou até impossível recolher um saco de penas jogados do alto da Catedral em dias de vento forte. Uma injúria caluniosa traz conseqüências irreparáveis, porém o cristão é chamado a perdoar para poder entrar no Reino.
“Consolar os tristes”, como é bom sentir a presença de alguém quando estamos tristes, afinal a tristeza faz parte da vida. Como já escrevi em outra oportunidade uma amiga que nunca pode faltar é a alegria. Essa conquista se faz acontecer quando sentimos que não estamos sozinhos, que uma palavra, um abraço, um afeto de quem amamos, pode ser a saída de qualquer tristeza da vida.
“Sofrer com paciência os defeitos do outro”, tem situações que não tem solução. Tem gente por mais próxima que esteja de nós, que não podemos mudar, mas devemos sofrer com paciência, suportar, servir de suporte, para que a vida seja menos dura. Ajudar a ser melhor, oferecer oportunidade de sair e superar os defeitos está na segunda obra que elencamos. Sofrer com paciência não significa ser omisso.
“Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos” é profundamente bíblico, rogar, pedir, orar, pois foi uma prática muito freqüente na vida de Jesus, Ele não só ensina a orar, com Ele  também ora (Jo 17), pelos outros e pela humanidade. Saber elevar nossa prece, saber rogar pelos vivos e pelos mortos, nos identifica com a atitude mais profunda de intimidade de Jesus com o Pai Deus. 
Que as obras de misericórdia nos ajudem a sermos mais perfeitos e assim construirmos um mundo cada vez mais justo e fraterno.