NOVENA DE PENTECOSTES
Primeiro
dia: O Espírito Santo no
seio da Santíssima Trindade
Introdução
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações
dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor, enviai Senhor o vosso
Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus, que
instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo: fazei que
apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre
de sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso, Amém.
Leitura
Bíblica
Evangelho segundo Mateus, capítulo 3,
versículos de 13 a 17.
Reflexão
Catequética
D - Deus é um só, mas tem três modos de ser, de existir. Da única essência, da única natureza divina,
participam três pessoas divinas. Essas pessoas são absolutamente iguais quanto
à natureza, à essência, quanto à onipotência e à santidade, mas são distintas,
pois que uma não é a outra e inclusive se
manifestam conjuntamente a nós (no batismo de Jesus, por exemplo).
“Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o
Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Concílio de Toledo, 675, DS
530). Além disso, podemos falar
apropriadamente de diferentes
missões divinas (processões): uma é a missão do Filho, e outra é a missão do
Espírito Santo - ainda que, sempre quando age, Deus age trinitariamente. A isso
chamamos de Mistério da Santíssima Trindade. E mistério é sempre mistério; se o
compreendêssemos em totalidade, não seria mistério. Mas às vezes dá-se-nos a
impressão de que alguns mistérios são “mais misteriosos” que outros. Este da
Santíssima Trindade, por exemplo. Realmente, não é nada fácil, dentro da lógica
humana, aceitar, sem uma certa inquietude, a realidade de três pessoas num só
Deus. As três pessoas divinas, por si, já são um mistério. Das três, porém, a
mais “misteriosa” é, por assim dizer, a pessoa do Espírito Santo. Porque Ele
não tem um rosto (como o Cristo), não tem uma imagem (como a que fazemos
do Pai), não tem um “sinônimo” a que possamos
nos agarrar. De fato, o Espírito veio até nós de modo misterioso, sutil, “interior”.
E não há nenhum mal em termos mais
dificuldades em entendê-Lo. O que não podemos permitir é que, diante desta
maior dificuldade em compreendê-Lo, acabemos por rejeitá-Lo a um segundo plano em
nossa espiritualidade, deixando-O “de lado” em nossas orações, em nossa
devoção, em nosso relacionamento com a Trindade. Só ousamos falar desse
mistério - coisa que jamais descobriríamos
por nós mesmos - porque Deus tomou a iniciativa em revelá-lo a nós, e, pacientemente,
através dos séculos, foi gradativamente partilhando conosco a Sua própria vida
íntima e misteriosa. E se Deus se revelou em três pessoas, é porque é da vontade dEle que nós O conheçamos e O amemos em suas três maneiras de ser. Pois
quanto mais o conhecermos, mais O amaremos e compreenderemos Seu plano amoroso
e suas intenções para nossas vidas...
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Oração
Final
A - Espírito Santo, que conduziste os profetas por
desertos de areia ou pela amplidão dos mares.
B - Sopra sobre nossos olhos, a fim de que, por toda
parte, saibam ver a Trindade Santa.
A - Sopra sobre nossos lábios, a fim de que só digam e
cantem a Verdade que liberta.
B - Abre nossos
corações à beleza do mundo, ao alegre esplendor das formas sensíveis
A - Para que todos os nossos
encontros sejam sempre louvores a Deus e motivos de amor.
B - E todas as criaturas constituam oportunidades que nos levem
ao Criador. Amém!
Segundo
dia - O Espírito Santo é Deus
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura da Primeira Carta de Paulo aos
Coríntios, capítulo 2, versículos de 9 a 12.
Reflexão
Catequética
D - Muitas pessoas
concebem o Espírito Santo como uma “força de Deus”, ou como uma
“luz divina”, ou, ainda, como uma “consolação
divina” que Deus nos concede, apenas. Embora possamos também considerá-lo como
essas realidades todas, é necessário termos em conta que o Espírito Santo não é
“uma parte” ou “um aspecto” da ação
divina. Ele é Deus! Mesmo não assumindo a nossa natureza humana como Jesus -
que se fez carne, um de nós -, o Espírito Santo é Deus mesmo. Terceira Pessoa
da Santíssima Trindade, um com o Pai e o Filho. Procede do amor entre eles, uma
só essência, uma só natureza com Eles. Como Pessoa é livre, tem inteligência e
vontade. Tudo vê, tudo conhece, está presente em tudo e em todos. Exerce hoje,
em mim - em cada criatura, em todos os filhos de Deus -, a missão de santificador,
de consolador. É o Senhor da vida! É aquele que, agindo em nosso interior desde
o nosso Batismo, nos leva a conhecer Jesus, a amá-Lo, a seguir Seus
ensinamentos. Ele nos revela Jesus – Caminho, Verdade e Vida. Ele nos convence
de que somos salvos pelo sangue do Cordeiro sem mancha, Jesus Cristo. Deus sem
face. A humildade de Deus. Puro Espírito, que escolheu nosso ser para Seu Templo,
Sua morada, habitando nosso frágil espírito humano. No credo
niceno-constantinopolitano, rezamos:
“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do
Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos
profetas”. Ao professarmos nossa fé na Pessoa do Divino Espírito Santo, a
Igreja nos ensina: “Aquele que o Pai enviou aos nossos corações, o Espírito do
seu Filho, é realmente Deus. Consubstancial ao Pai e ao Filho, Ele é
inseparável dos dois, tanto na Vida íntima da Trindade como no seu dom de amor
pelo mundo. Mas ao adorar a Santíssima Trindade, vivificante, consubstancial e
indivisível, a fé da Igreja professa também a distinção das Pessoas. Quando o
Pai envia seu Verbo, envia sempre seu Sopro: missão conjunta em que o Filho e o
Espírito Santo são distintos, mas inseparáveis. Sem dúvida, é Cristo que aparece,
Ele, a imagem visível do Deus invisível; mas é o Espírito Santo que O revela” (Catec;
n.689-690). E diz mais o Catecismo da Igreja Católica n.253: “As pessoas
divinas não dividem entre si a única divindade. Mas cada uma delas é Deus por
inteiro:” O Pai é aquilo que é o Filho, O Filho á aquilo que é o Pai, O
Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à
natureza” (XI Concílio de Toledo, em 675:DS 530).
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Oração
Final
A - Divino Espírito Santo, necessitamos muito de vossa
ajuda para conhecer o caminho que devemos
seguir.
T - Dai-nos, ó Pai, por Jesus, o vosso Espírito Santo!
B - Temos necessidade
de vós, para que nosso coração, inundado pela vossa consolação, se abra, e que
muito além das palavras e dos conceitos, possamos perceber em nós a vossa presença
de Pessoa Divina.
T - Dai-nos ó Pai, por Jesus, o Vosso Espírito Santo!
A - Cremos, Ó Espírito Santo, que viveis na Igreja e em nós, sois nosso hóspede permanente,
sempre a modelar em nosso ser a figura e a forma de Jesus Cristo.
T - Dai-nos, ó Pai, por Jesus, o vosso Espírito Santo!
B - Nós nos dirigimos também a Vós, Maria, Mãe da Igreja,
que viveste a plenitude inebriante do Espírito Santo, experimentaste a sua força
em vosso ser e o vistes operando em vosso filho Jesus: intercedei por nós, para
que nossa mente e o nosso coração se abram à ação divina.
T - Dai-nos, ó Pai, por Jesus, o Vosso Espírito Santo!
A - Fazei com que tudo o que pensamos, fazemos ou ouvimos,
todos os nossos gestos e
todas as nossas
palavras sejam tão-somente abertura e disponibilidade a este único Santo Espírito que forma a Igreja no mundo.
T - Dai-nos, ó Pai, por Jesus, o Vosso Espírito Santo!
B - Edifica o corpo de Cristo na história; promove o
testemunho da fé; consola e conforta;
plenifica de
confiança e de paz o nosso coração,
mesmo em meio às dificuldades e
tribulações.
T - Dai-nos, ó Pai, por Jesus, o Vosso Espírito Santo! Nós
o pedimos, Pai, juntamente com a intercessão de Maria e de todos os santos, e
em nome do vosso filho Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Terceiro
dia - O Espírito Santo é uma Pessoa
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura do livro dos Atos dos Apóstolos,
capítulo 13, versículos de 01 a 04.
Reflexão
Catequética
D - Como já vimos,
Deus é sempre um mistério. E, das três Pessoas, o Espírito Santo parece ser a
mais misteriosa de todas. É o “Deus sem face” (ao contrário do Filho que
assumiu a nossa natureza humana) o “Deus sem referência humana” (ao contrário
da Primeira Pessoa, a quem chamamos por um nome que nos é bastante comum:
Pai!)... Para referir-se a Ele, as Sagradas Escrituras lançam mão de símbolos,
tais como: Água, Unção, Fogo, Nuvem, Luz, Selo, Mão, Dedo e Pomba (Catec. N 694 a 701). E quando questionados
a respeito de quem é o Espírito Santo, comumente também respondemos com
conceitos totalmente impessoais, ou abstratos, como: “Ele é o amor, a
consolação, a luz, a força, a esperança, o revelador...” Na realidade, Deus é,
na sua natureza, amor (cf.1 Jo 4,16). Por conseguinte, dom, vida incessantemente
doada. Enquanto fonte permanente desse dom, Deus é Pai. Enquanto expressão e
receptor desse dom, Deus é Filho. Enquanto dom mesmo, ele é o Espírito. “Uma só
essência, uma substância ou natureza, mas três pessoas”, nos ensina o Concílio de
Latrão. E, de fato, aprendemos todos – e desde cedo - que o Espírito Santo é a
terceira pessoa da Santíssima Trindade. Mas em que sentido? Como é que alguém
que eu não vejo, não toco, e que é “espírito”, pode ser uma pessoa?... Ainda
que limitados pelo curto alcance dos
conceitos humanos, podemos ser auxiliados nessa “compreensão” quando associamos
a palavra pessoa (persona) ao conceito
de personalidade. O Espírito Santo traz em si todos os atributos de uma personalidade.
Ele tem intenção (Rm 8,27), tem conhecimento (1 Cor 2,10-11), tem vontade
própria (1 Cor 12,11) experimenta emoções (Ef 4,30). Ele se relaciona e age
como somente uma pessoa poderia fazê-lo: Ele fala (At. 1,16), ora (Rom
8,26-27), ensina (Jô 14, 26) opera milagres (At 2, 4 ; 8, 39) ordena (At 8, 29;
10,19-20; 11,12; 13,2) proíbe (At 16, 6-7), guia as pessoas (Rom 8,14) e
consola a Igreja (At 9,31) - entre outras tantas ações... A consciência de que
o Espírito Santo é uma pessoa deve gerar em nós um impacto que interpele a
nossa vida: se o Espírito Santo é uma Pessoa, nós precisamos aprender a ter com
Ele um relacionamento pessoal - isto é,
de pessoa para Pessoa. Ele não pode continuar sendo para nós apenas um dado
teológico, doutrinário, mas... uma Pessoa, amiga! Uma Pessoa com quem posso
partilhar minhas dificuldades, minhas vitórias, meus fracassos, minhas
alegrias... A propósito, você já entabulou uma conversa com o Espírito Santo, hoje? Já lhe disse, por exemplo,
“Bom Dia Espírito Santo?”. Afinal, Ele é também o nosso Advogado, o nosso Consolador
e Aquele que nos dá força...
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Oração
Final
A - Espírito Santo contemplar-te é mergulhar
o olhar no invisível, em pleno mistério
de
Deus.
B - Não tens um
semblante de Evangelho como o Cristo, nem de face de Pai; mesmo renunciando a
te imaginar um rosto, queremos aderir a Ti com todas as nossas forças;
A - Não tens um
semblante porque és o fogo do amor que reúne os semblantes do Pai e do Filho,
para não formar senão um só, numa sublime fusão;
B - Vives nos
semblantes de outrem, como sua vida mais secreta, e és tu que nos revela o autêntico
semblante do Salvador, bem como o do Pai celeste;
A - És abismo de
profundidade, recôndito inexpugnável e inexprimível de se representar em traços
delimitados.
B - Tu és o sopro que
emana do Pai e do Filho que vem animar o nosso espírito, formar-nos uma feição
espiritual.
A - Tu és a respiração
de nossa alma, o pensamento de nosso pensamento, o impulso de
nossa vontade, a força do nosso amor;
B - Tu és a vida
divina que vem nos fazer viver o Cristo, que invade o nosso ser para transfigurá-lo.
A - Tu nos ultrapassas
infinitamente e, no entanto, és tão intímo a nós;
B - Não resides num
longínquo abstrato, mas no concreto palpitante de nossa existência.
T - Contemplar-te é
deixar-se tomar pela torrente de um amor que transborda e se apossa de toda a
nossa pessoa humana. Amém.
Quarto
dia- O Espírito da Promessa no Antigo Testamento
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura do Livro do Profeta Ezequiel,
capítulo 36, versículos de 24 a 28
Reflexão
Catequética
A-É da maior importância para a nossa abertura à Pessoa do Espírito Santo compreendermos
adequadamente - tanto quanto nos permite a Revelação e a nossa capacidade de
interpretá-la - o significado central daquilo que aconteceu no histórico evento
de Pentecostes. Pentecostes não é, simplesmente, “a vinda do Espírito Santo”,
como comumente costumase afirmar. O Espírito Santo - Pessoa divina que é -
sempre esteve presente na história da humanidade, não sendo pois correto crer
que Ele só tenha vindo atuar em nosso
meio depois de Pentecostes. De fato, já no segundo versículo da Bíblia (Gn
1,2), encontramos a expressão: “... O Espírito pairava sobre as águas...”. E
ela nos ensina ainda, por exemplo, que Ele desceu sobre Enoque, Abraão, Isaque
e Jacó; que o Faraó compreendera que José possuía o Espírito de Deus; que os
milagres de Moisés eram operados por Sua virtude; que atuou em Otoniel, Gedeão,
Débora, e Sansão; que Samuel e Davi
profetizavam pelo Espírito Santo; que Azarias e Oziel o possuíam. E Isaías (63,
11-12) aduz: “Onde habita aquele que enviou no meio deles o Espírito Santo,
guiando Moisés pela destra? Desceu o Espírito do Senhor e foi o guia do seu
povo...” Outras passagens da Sagrada Escritura confirmam esta presença e este
operar do Espírito Santo nos tempos descritos pelo Antigo Testamento. Do
conjunto dessas afirmações, podemos caracterizar em certo sentido o modo
como o Espírito Santo estava presente e operava
na história da salvação, antes de
Pentecostes (porque, depois, seria diferente!). Podemos dizer que:
a) O Espírito Santo se manifestava ( ou “se
apossava de”, ou “agia em”...) apenas em
algumas pessoas, escolhidas por
Deus com vistas a algum propósito de Sua parte (alguns reis, profetas, juízes,
ou sacerdotes).
b) O Espírito se manifestava na vida dessas pessoas por um determinado
tempo, apenas; cessada a “missão”, a
“tarefa” ou o “propósito”, cessava a aparente manifestação; Ele ainda não “habitava”
o ser humano como hoje nos é possível;
c) A presença do Espírito na vida de todas as pessoas era uma presença considerada
do tipo “natural”, ou imanente, a sustentar e garantir nelas a vida - do que
Ele é Senhor e Fonte! Não era ainda uma
presença do tipo “sobrenatural” - além da natureza humana -, uma presença pela
graça, como nos é possível hoje por um intermédio dos Sacramentos.
d) Não se tinha a consciência - a revelação -
que temos hoje a respeito do Espírito Santo. Percebiam-No mais como uma “força divina”, e não como a presença
e a ação de uma Pessoa Divina, da Trindade. Algumas promessas, porém, da parte
de Deus pela boca de seus profetas (e depois, pela boca do próprio Jesus) nos davam
conta de que, para os tempos messiânicos - ou seja, depois da vinda do Filho -,
a presença e o operar do Espírito seriam diferentes. Por exemplo, pela boca do
profeta Joel, Deus nos anunciava: “Depois disso acontecerá que derramarei o meu
Espírito sobre todo o ser vivo: vossos
filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e
vossos jovens terão visões. Naqueles
dias, derramarei também o meu espírito sobre os escravos e as escravas.” (Jl
3,1-2; ver também Ez 36, 25-27, Is 44,3). Pentecostes é a realização dessas
promessas a respeito do Espírito. E a
nós, a quem coube viver nesses tempos em que Pentecostes já é uma realidade, é
dada a possibilidade de desfrutar os privilégios que o novo modo do Espírito
Santo estar presente e agir veio nos trazer, como veremos nos próximos
encontros...
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Oração
Final
A - Quem és tu, doce
luz que me inundas e aclaras a noite do meu coração? Tu me guias
com tua mão maternal. Se me desamparas, não
avanço mais, nem sequer um passo.
B - Tu és o espaço que
cerca o meu ser e no qual tu te ocultas. Se me abandonas, caio no abismo do
nada, do qual me chamaste para o ser.
A - Estás mais próximo
de mim que eu, és mais íntimo de mim que meu íntimo.
B - E, contudo,
ninguém te atinge, ninguém te compreende.
T - E nenhum nome pode
aprisionar-te: Espírito Santo Eterno Amor.
A - Vem, Espírito
Criador venerado e todo-poderoso, pelo qual tudo foi feito.
B - Tu tens tudo em
tuas mãos, tu que estás acima de toda sabedoria e de todo poder.
A - Nada pode
descrever-te, compreender-te, sondar-te.
B - Tu terminas toda a
criação em sua essência; tu és inseparável de todas as coisas em
sua força.
A - Nós te bendizemos,
Senhor de todas as coisas e muito bom!
B - De ti procedem
toda existência, toda respiração, todo pensamento, todo conhecimento
de Deus.
A - Nós te bendizemos
porque és tu que nos fazes ver a beleza do céu, o percurso do Sol,
B - o círculo da lua,
a magnificência das estrelas.
T - Por isso nós
proclamamos: Glória a Ti, Espírito Criador!
D - Divino Espírito
Santo.
T - Iluminai-nos.
Quinto
dia- A Catequese de Jesus sobre o Espírito Santo
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura do Evangelho de Jesus Cristo segundo
João, cap. 14, versículos de 12 a 17.
Reflexão
Catequética
D - Jesus Cristo é o
portador definitivo das boas novas da
Revelação. Anuncia-nos com autoridade que Deus é Pai, que Ele e o Pai são um e
que o Espírito Santo é o “outro Paráclito”
que haveria de vir para dar testemunho dele. Nos capítulos 14, 15 e 16 do
Evangelho de São João, especialmente, Jesus expõe aos seus discípulos uma nova
e esclarecedora catequese sobre o Espírito Santo. Refere-se a Ele, pela
primeira vez, como a alguém, como a
uma Pessoa. Explica-nos o novo modo como
essa Pessoa Divina estará em nosso meio, e qual a essência de sua missão:
estará conosco eternamente; e não só conosco, mas em nós (Jo 4, 15-17);
ensinar-nos-á todas as coisas e nos recordará tudo o que Jesus nos disse (Jo
14,26); dará testemunho, não de Si mesmo, mas de Jesus (Jo 15,26); e que - era verdade-convinha a nós que Ele (Jesus) voltasse
para o Pai, porque, assim, o Espírito
viria para estar conosco e nos convenceria a respeito do pecado, da justiça e
do juízo (Jo 16, 7-8); e que Ele nos conduziria à completa verdade, pois não
falaria de Si mesmo, mas tomaria daquilo que ouvira do próprio Cristo, e o
glorificaria! (Jo 16, 13-14). Antes de sua ascensão, Jesus ainda nos fará outras revelações a respeito da Pessoa do Espírito
Santo. Mas, daquilo que já disse até aqui, podemos compreender com mais clareza
que:
a - O Espírito Santo é uma Pessoa;
misteriosa, divina, mas uma Pessoa;
b - é necessária a Sua vinda para a
continuação da obra da salvação iniciada por Jesus, sobre quem Ele
testemunhará;
c - não estará mais apenas conosco, mas em
nós;
d - e não por pouco tempo, mas eternamente;
e - por Ele teremos acesso à verdade sobre o
Cristo, de quem Ele recordará eternamente as palavras e os feitos...
Além dessas novidades apontadas por Jesus a
respeito do novo modo de O Espírito Santo estar presente entre nós após a sua partida, temos um outro elemento que é
de fato fundamental para o entendimento do significado de Pentecostes. E um dos
textos-chave para esse entendimento é o que
nos oferece o Evangelho de João no seu capítulo 7, versículos de 37 a
39, quando diz: “No último dia, que é o principal dia de festa, estava
Jesus de pé e clamava: ‘Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como
diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva’ (Zc 14, 8; Is 58,
11). Dizia
isso, referindo-se aos que cressem nele, pois
ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido
glorificado.” Tenhamos em mente esse texto ao realizarmos o nosso próximo
encontro.
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Oração
Final
A - Vem, Espírito
Santo, e santifica-me. Vem, Espírito de Verdade, e enche-me de ti. Que a tua
sapiência divina me instaure na Verdade.
B - Eu desejo que a
Verdade reine na minha mente, nas minhas palavras, nos meus afetos, nas minhas
ações, evitando tudo o que lhe seja contrário, não só a mentira, senão também a
dissimulação, a duplicidade, a falta de sinceridade.
A - Vem, Espírito de paz, e dá-me a tua paz, a
paz profunda que dilata a alma e a torna apta às tuas operações; a paz que
acalma e domina todo o sensível;
B - Vem, Espírito de
caridade, faze-me tão inflamado de teu amor, que o faça transbordar
sobre as almas que eu desejo levar a ti.
A - Ó Divino Espírito,
trasnsforma-me em amor. Só assim poderei responder plenamente a teu convite, a
ser útil à Igreja.
B - Ó Espírito da
Verdade, faze-me conhecer o Verbo, ensina-me a lembrar-me sempre de tudo quanto
ele disse.
A - Ilumina-me,
guia-me, torna-me, conforme Jesus, em outro Cristo , comunicando-me as
suas virtudes,
B - sobretudo
paciência, a humildade, a obediência.
T - Faze-me participar
da tua obra redentora. Faze-me entender, e amar a cruz.
Sexto
dia- Espírito Santo, dom de Deus
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura da Carta de Paulo aos Romanos,
capítulo 5, versículos de 1 a 5.
Reflexão
Catequética
D - Dizia o Evangelho
de João, na leitura que vimos em nosso encontro anterior (Jo 7, 37-
9), que o “Espírito ainda não tinha sido dado porque Jesus não tinha ainda sido
glorificado.” Depois da catequese sobre o Espírito Santo - também já vista por
nós (capítulos 14, 15 e 16 de São João) - , Jesus se dirige ao Pai em oração e
pede que seja removida essa barreira: “Pai, é chegada a hora: glorifica o teu
Filho, para que o teu Filho possa glorificar-te...” (Jo 17, 1). E nós
sabemos em que consiste a glorificação de Jesus, descrita nos capítulos
seguintes (18 e 19): prisão, julgamento, paixão, morte e ressurreição! Após
esses fatos (capítulo 20), naquele que é
considerado o “Pentecostes apostólico”, já vemos os efeitos da
glorificação de Jesus: embora as portas estivessem fechadas, Jesus aparece no
meio deles, mostra-lhes suas chagas gloriosas, deseja-lhes a paz, sopra sobre eles
(retomando uma imagem do Espírito muito conhecida deles,o ruah) e diz: “Recebam
o Espírito Santo! ( Jo 20, 19-21). Como
a dizer: “Sim, recebam-no; agora Ele pode ser dado (como Eu vos disse!), agora
Ele é dom para vocês...” Na outra descrição de Pentecostes registrada por Lucas
(Atos 1 e 2), temos outras evidências do novo modo de o Espírito Santo estar presente. Jesus, já ressuscitado e prestes
a ascender aos céus (glorificado, portanto), instrui os apóstolos a aguardarem
em Jerusalém, pois agora iria cumprir-se
a promessa do Pai. “Vocês vão receber o poder do Espírito Santo, que virá até
vós” (cf. At 1,8), dizia. Na seqüência, acontece o prometido. Os apóstolos, com
Maria e algumas outras mulheres, estavam em oração no Cenáculo quando um vento impetuoso tomou conta do lugar, e umas
como que línguas de fogo pousaram sobre eles, que logo começaram a se expressar
com manifestações carismáticas, “falando em diferentes línguas conforme o
Espírito lhes concedia que falassem.” E sendo entendidos por “pessoas de
diferentes línguas e nações” (cf. Atos 1,12- 14, Atos 2, 1ss). Quando o povo,
atônito com aquela manifestação espiritual, pergunta a Pedro o que fazer, ele
diz: “Arrependam-se, sejam batizados em
nome de Jesus para o perdão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo; pois a promessa
que foi feita a respeito dele é para vós, para vossos filhos e para todos
aqueles que estão distantes, e que Deus está chamando a Ele,” (cf. Atos 2, 37-39) Cumpriu-se a
promessa. Com Jesus glorificado, o Espírito é dado para todos os que ouvem o
chamado do Senhor nosso Deus. O Pai e o Filho - como doadores - se doam a nós
na Pessoa do Espírito Santo. Ele é uma Pessoa-dom, para nós de agora em diante.
Inicia-se aí, em Pentecostes, uma possibilidade de relacionamento com Deus, no
Espírito Santo, como nunca fora possível antes. Privilégio dos tempos messiânicos,
privilégio nosso. Agora o Espírito se doa a todos, vem para estar em nós (“Acaso não sabeis que sois templo do
Espírito?”, cf. 1Cor 3, 16), vem para estar “eternamente conosco” (cf. Jo 14,
16), como Pessoa divina ( e não como uma
coisa!), de modo não apenas natural mas, pela graça dos sacramentos, de
um modo que supera admiravelmente a nossa natureza humana (cf. 1Cor 2,
4-5.10-14). E nosso Catecismo da Igreja
Católica nos confirma: “O Espírito Santo está em ação com o Pai e o Filho do
inicio até a consumação do Projeto da nossa Salvação. Mas é nos ‘últimos
tempos’, inaugurados pela Encarnação redentora do Filho, que Ele é revelado e
dado, reconhecido e acolhido como Pessoa.” (n.686). Buscar, pois, ter para com
a Pessoa Divina do Espírito Santo um relacionamento pessoal íntimo, é corresponder
ao dom (ao presente) que Deus faz de Si mesmo, a nós, em Pentecostes. Há como
recusar isso?!
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Oração
Final
A - Louvor a ti,
Senhor poderoso, Espírito consolador; generoso dispensador de todos os bens,
igual ao Pai e ao Filho, a ti a glória e a soberania.
B - És a Luz e
portador da luz. És bondade de fonte de toda a bondade. És o Espírito que forma
profetas e suscita apóstolos.
A - Dás a vitória aos
mártires e poder aos confessores. Tornas inteligentes os que te procuram,
orientas os que estão sem destino,
B - consolas os
tristes e fortaleces os fracos, cuidas dos feridos, ergues os que caíram, dás coragem
aos que têm medo, acalmas os violentos, abrandas os corações endurecidos, confirmas
os fiéis e resguardas os que crêem.
A - Eu te suplico,
Espírito consolador, desce ao templo do meu coração, como descestes à sala do
cenáculo, testemunha da santa ceia.
B - Vivifica-me com
teus dons benfazejos, abrasa-me o coração com o fogo do teu amor,
concede-me tua sabedoria eterna, e que tua
luz resplandecente me purifique o coração.
A - Que eu te conheça
com verdadeiro discernimento, tu que reinas com o Pai e o Filho.
B - Guia-me para que
te glorifique e te adore com toda pureza, amor e obediência.
T - com o Pai de quem
procedes e com o Filho de quem recebes, agora e sempre. Espírito Santo vem
rezar em mim.
Sétimo
dia- Sereis Batizados no Espírito Santo
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos,
capítulo 1, versículos de 4 a 9.
Reflexão
Catequética
D - Na celebração da vigília de Pentecostes de 2004, em Roma, o Papa João Paulo II afirmou em seu discurso:
“Desejo que a espiritualidade de Pentecostes se difunda na Igreja como um
renovado salto de oração, de santidade,
de comunhão e de anúncio” (29/05/2004). Ora, o elemento central de toda a
espiritualidade de Pentecostes não é um devocional, um rito litúrgico ou uma
novena de orações, simplesmente. Aquilo de mais significativo que a espiritualidade
de Pentecostes - mormente em conseqüência da reflexão emanada do Concílio
Vaticano II a respeito da Pessoa e do operar do Espírito Santo - tem resgatado
e oferecido à Igreja é uma experiência: a experiência do chamado “Batismo no Espírito Santo”... “Entre os
católicos da Renovação a frase ‘batismo no Espírito Santo’ se refere a dois sentidos
ou momentos. O primeiro é propriamente teológico. Nesse sentido, todo membro da Igreja é batizado no
Espírito Santo pelo fato de ter recebido os sacramentos da iniciação Cristã. O
segundo é de ordem experiencial e se refere
ao momento ou processo de crescimento pelo qual a presença ativa do Espírito,
recebido na iniciação, se torna sensível à consciência da pessoa. Quando se
fala, na renovação católica, do batismo no Espírio Santo, recebido na
iniciação, se torna sensível à consciência da pessoa. Quando se fala, na renovação
católica, do batismo no Espírito Santo, geralmente se refere a essa experiência
consciente que é o sentido experiencial.” (Documento de Malines, Orientações
Teológicas e Pastorais da RCC, Cardeal
Suenens e outros). Para Dom Paul Josef Cordes – atual presidente do Pontifício
Conselho Cor Unum (das obras de misericórdia) - , “o batismo no Espírito Santo”
é experiência concreta da “graça de Pentecostes” na qual a ação do Espírito Santo
torna-se realidade experimentada na vida do indivíduo e da comunidade de fé. O “derramamento
do Espírito Santo” é introdução decisiva a uma renovada percepção e a um novo
entendimento da presença e da ação de
Deus na vida pessoal e no mundo. É, em suma, a redescoberta experiencial, na fé, de que Jesus é Senhor pelo poder do
Espírito para a glória do Pai. Enraizado na graça batismal, o “batismo no
Espírito” é essencialmente a experiência da renovada comunhão com as pessoas
divinas. É abertura e manifestação da vida trinitária nos que foram batizados
[...] Com demasiada freqüência, indivíduos batizados não tiveram um encontro
genuíno com o Senhor; “muitas vezes não se verificou a primeira evangelização”
e ainda não há “adesão explícita e pessoal a Jesus Cristo” (Catechese Tradendae
19). Segundo ainda Dom Paul Cordes, a expressão
“batismo no Espírito” pode ser usada em muitos sentidos. Aqui, “batismo
no Espírito Santo” é usada com respeito à experiência de receber o Espírito
Santo com a vida de graça, juntamente com a
recepção dos carismas, como parte integrante
da iniciação cristã, ou como reapropriação ou inspiração mais tardia em um
contexto não-sacramental do que já foi
recebido na iniciação (op.cit; p.28). Como se vê, há de se entender aqui a
palavra “batismo”, no seu sentido primário, não sacramental, que se refere ao ato de mergulhar, imergir alguma coisa ou
alguém em uma outra realidade (no nosso caso, um “inundar-se” no mistério da
efusão do Espírito dispensado pelo Pai por intermédio de Jesus, em Pentecostes,
que foi “derramado” conforme a promessa (cf. At 2,16-21). Também se recorre com
freqüência ao termo efusão do Espírito
ou, ainda, “derramamento do Espírito”, e mesmo “um liberar do Espírito Santo”,
querendo-se, sempre, referir-se àquela experiência que nos leva a abrirmo-nos
mais à realidade da Trindade de Deus em nós, com uma crescente consciência a respeito do
significado dos sacramentos da iniciação
cristã, nos batizados sacramentalmente. Essa
especial e profunda “percepção” – definida, perceptível, envolvente - do
relacionamento pessoal com Jesus Cristo que essa experiência proporciona não
faz parte de nenhum movimento em particular - em caráter exclusivo - mas é
patrimônio da Igreja, que celebra os sacramentos da iniciação e por quem
recebemos o Espírito Santo. Antes de entender e elaborar uma teologia a respeito do Espírito Santo, os
apóstolos tiveram uma experiência com
Ele. Ainda que, a princípio, não entendêssemos tudo o que pode significar, os
frutos desse chamado batismo no Espírito deveriam, por si sós, motivarnos a
querê-lo, a desejá-lo- e com muita sede - para a nossa vida de fé. Alguns dos
frutos que se percebem na vida dos que buscam e experimentam essa graça são:
- Conversão interior radical e transformação
profunda da vida;
- Luz poderosa para compreender melhor
mistério de Deus e seu plano de salvação;
- Novo compromisso pessoal com Cristo;
- Gosto pela oração pessoal e comunitária;
- Amor ardente à Palavra de Deus na
Escritura;
- Busca viva dos sacramentos da Reconciliação
e da Eucaristia;
- Amor verdadeiro e autêntico à Igreja e às
suas instituições;
- Descobrimento de uma verdadeira opção
preferencial pelos pobres;
- Entrega generosa ao serviço dos irmãos, na
fé.
- Força divina para dar testemunho de Jesus
em todas as partes;
Partilha
Espontânea
Oração
Final
A - Vinde Espírito
Santo e enviai-nos do alto do Céu, Um raio da vossa luz!
B - Vinde, Pai dos
pobres, Vinde, fonte de todos os dons, Vinde, luz dos corações!
A - Consolador
magnífico! Doce hóspede da alma! Doce reconforto!
B - Sois repouso para
o nosso trabalho, calmante para as nossas paixões, lenitivo para as nossas
lágrimas!
A - Ó luz da
felicidade, Inundai plenamente os corações dos vossos fiéis!
B - Sem o vosso
auxílio, nada pode o homem, nada produz de bom!
A - Lavai as nossas
manchas! Banhai a nossa aridez! Sarai as nossas feridas!
B - Dobrai a nossa
dureza! Aquecei a nossa frieza! Retificai os nossos erros!
A - Dai aos vossos
fiéis, que em Vós confiam, os sete dons sagrados!
B - Dai-nos o mérito
da virtude! Dai-nos o troféu da salvação! Dai-nos alegria eterna!
T - Amém, Aleluia!
Oitavo
dia- A efusão do Espírito Santo
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura da Carta de Paulo aos Gálatas,
capítulo 5, versículos de 16 a 23.
Reflexão
Catequética
D - Por sua Páscoa,
Jesus Cristo redimiu todo o gênero humano. Por Ele, todos os homens têm acesso
à salvação. É fundamental, porém, que todos e cada homem – já salvos - assumam,
explícita e pessoalmente, essa salvação. O mistério da salvação oferecido gratuitamente
por Deus precisa ser aceito livremente
por cada um de nós, como opção pessoal, em uma atitude de obediência de fé. “ Para que se preste essa
fé, exigem-se gravação prévia e adjuvante de Deus e os auxílios internos do
Espírito Santo, que move o coração e converte-o a Deus, abre os olhos da mente
e dá ‘a todos suavidade no consentir e crer na verdade’. A fim de tornar sempre
mais profunda a compreensão da Revelação, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa
continuamente a fé por meio de Seus dons” (Constituição Dogmática Dei Verbum,
n. 5). Ou seja, não se avança na percepção progressiva do mistério da salvação
realizada por Jesus Cristo sem se deixar
habitar em plenitude pelo Espírito Santo, sem experimentar continuamente de sua
efusão admiravelmente manifestada, derramada, dada e comunicada em Pentecostes
(cf. Catec; n. 731), mas prometida para estar
conosco eternamente. “Tendo entrado uma vez por todas no santuário do céu,
Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que nos garante
permanentemente a efusão do Espírito Santo.” (Catec., n. 667). O Espírito não
cessa, pois, de levar continuamente as pessoas à experiência do Cristo vivo e
ressuscitado, por meio de sua efusão. Crentes, descrentes, batizados só de
nome, praticantes, santos e pecadores, são visitados por essa graça pascal (v.
Catec., n.731), e dão um salto qualitativo na fé, que vai de um não conhecimento,
de um conhecimento insuficiente, de um
conhecimento estribado na cultura e na razão, apenas, a um conhecimento
experiencial, que aguça a fé e sacia a sede e que envolve todo nosso ser e proporciona
a todos uma progressiva tomada de consciência a respeito do real significado
dos sacramentos da iniciação cristã, do
que significa ser cristão, ser salvo,
ser Igreja... E não precisamos ficar esperando que, aleatoriamente, uma hora
aconteça conosco. Ou, se
já aconteceu, achar que foi o suficiente.
Jesus nos garante permanentemente a efusão do
Espírito Santo, como vimos. Quem tiver sede,
vá a Ele e beba (Jo 7, 37-39), mais e mais. Se o nosso pecado, se a nossa
tibieza, se a nossa pequena fé nos esmorecem, enchamo-nos do Espírito (cf. Ef
5, 12)! Agora isso é possível. É possível oferecermos ao Espírito mais e mais
espaço em nossa vida para que Ele a
replene com sua plenitude. Ele, que já está em nós, pode manifestar-se,
aqui e agora, segundo a Sua vontade e nossa abertura à Sua ação... É até quando
vamos ter necessidade da Efusão do Espírito? Até atingirmos a santidade!!! Isso
mesmo, pois, “... se o batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus mediante
a inserção em Cristo e a habitação de seu Espírito, seria um contra-senso contentar-se
com uma vida medíocre pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial.
Perguntar a um catecúmeno: ‘Queres receber o Batismo?’ significa ao mesmo tempo
pedir-lhe: ‘Queres fazer-te santo?’ (Novo Millennio Ineunte, 31). Em março de
2002, falando aos membros de uma delegação da “Renovação no Espírito Santo”, na
Itália, o papa João Paulo II afirmou: “A Igreja e o mundo têm necessidade de
santos, e nós somos tanto mais santos quanto mais deixamos que o Espírito
Santo nos configure com Cristo.” Eis o
segredo da experiência regeneradora da ‘efusão do Espírito’, experiência típica
que caracteriza o caminho de crescimento proposto pelos menbros dos vossos
Grupos e das vossas Comunidades” (L’Osservatore Romano, 30/03/2002). E mais
recentemente - 23 de maio de 2004 -, aos convidar os Movimentos Apostólicos a
participar da Vigília de Pentecostes, dava o motivo de seu convite: “...para
invocar sobre nós e sobre toda a Igreja uma abundante efusão dos sons do
Espírito Santo”... Que tal manifestarmos a Deus, hoje - quem sabe pela primeira vez, ou, talvez, uma vez mais -
a nossa sede e a nossa vontade de receber mais e mais da efusão do Espírito? Associemo-nos
a Maria – “aquela que, embora já tendo experimentado a plenitude do Espírito na
encarnação do Verbo (gratia plena), obedeceu à instrução do Filho e também colocou-se
à espera do cumprimento da promessa do dom do Espírito”. “E todos ficaram cheios
do Espírito...” (cf. At 2,4). Peçamos, com João Paulo II, a intercessão dela: “
Ó Virgem Santíssima, mãe de Cristo e da Igreja [...] Tu que estivestes no
Cenáculo com os apóstolos em oração, à espera da vinda do Espírito de Pentecostes,
invoca a Sua renovada efusão sobre todos os fiéis leigos, homens e mulheres,
para que correspondam plenamente à sua vocação e missão, como ramos da
‘verdadeira videira’, chamados a dar ‘muitos frutos’ para a vida do mundo”
(Christifideles Laici, n. 64).
Partilha
Espontânea
Oração
para pedir o Batismo no Espírito Santo
T - Senhor Jesus,
vivo, ressuscitado, Vós recebestes o Espírito Santo em plenitude para comunicá-Lo
a todos os que crêem em Vós de todo o coração. Eu creio em Vós, Jesus! De todo
o coração! Com toda a alegria e ação de graças! Jesus, desejo vivamente viver
minha vida cristã em plenitude e santidade. Mas, para assim vivê-la, eu preciso
da ação vigorosa do Vosso Espírito Santo. Jesus, já me deste o Espírito Santo
no dia do meu batismo e O confirmaste em mim pelo sacramento da crisma. Mas
peço-Vos que hoje O libereis em todo o meu ser, para que eu fique cheio,
encharcado, plenificado dEle. Jesus, um dia dissestes: “Sereis batizados no
Espírito Santo.” Batizai-me, agora, Jesus, conforme a Vossa promessa!
Mergulhai-me no oceano do amor e da santidade do Espírito Santo, para que eu
fique plenificado por Sua presença e por
Sua ação vigorosa e
santificadora! Jesus, liberai em mim o Vosso
Santo Espírito, de tal modo que Ele se aproprie de mim, de todo o meu ser: do
meu espírito, do meu psiquismo, das minhas faculdades mentais e emocionais e do
meu físico, convertendo-me,
libertando-me, transformando-me, curandome e santificando-me de tal
forma, que eu possa ser uma nova criatura, para viver uma vida nova, em
comunhão de amor com o meu Deus e com os meus irmãos. Jesus, batizai-me no
Espírito Santo! Que eu possa experimentar vivamente Sua presença e Sua
santidade em minha vida, todos os dias! Jesus, que Vosso Espírito Santo
desabroche em mim os setes dons infusos! Jesus, que o Espírito de amor gere em
mim os Seus nove frutos de santidade! Jesus, que o Espírito Santo se manifeste
em mim com Seus carismas, para que eu possa servir muito mais e melhor aos meus
irmãos! Batizai-me, Senhor Jesus, no Vosso Santo Espírito! Jesus, creio
vivamente que Vós fareis acontecer em mim essa graça bendita. Porque creio, agradeço.
Sim, Jesus, agradeço de todo o coração por tão grande graça. Desejo corresponder
ao amor e à ação do Vosso Espírito Santo, com toda a atenção e dedicação.
Obrigado, Jesus. (Na seqüência, os servos - dois a dois - rezam por cada um dos
participantes, impondo-lhes - num gesto de solidariedade e comunhão - as mãos e
pedindo a confirmação do que acabaram de
orar. Durante esse momento, os responsáveis pela música - se houver - podem
entoar, em uma altura que não atrapalhe a
oração, cantos suaves e
apropriados [“Eu navegarei”; “ Batizai-me Senhor”, etc.]).
Nono
dia- Capacitados para Servir
Introdução
Leitura
Bíblica
Leitura do Evangelho de Jesus Cristo segundo
São Marcos, capítulo 16, versículos de 12 a 18.
Reflexão
Catequética
D - Pentecostes é uma
graça constitutiva - “que faz parte” - do grande mistério pascal, pelo qual o
Filho - o Verbo de Deus encarnado - obteve para nós a remissão de nossas faltas
e a garantia de participação na vida eterna, na comunhão com a Trindade Santa, Deus tem um propósito
especial e muito definido ao nos dar o
seu Espírito Santo: tornar possível a continuidade da graça da salvação para todas as gerações que se sucedem à morte
e ressurreição de Cristo (cf. DIM, 1; DeV, 22 e 67). “ Recebereis o poder do
Espírito Santo e então sereis minhas
testemunhas [...] até os confins do mundo”, nos esclarecia Jesus (cf. At 1,8).
“Assim como o Pai me enviou, assim estou enviando vocês [...]: recebam (para
isso) o Espírito Santo! E o que vocês perdoarem, estará perdoado (cf. Jo 20,
21-23). O Espírito, pois, nos é dado não apenas como “penhor da nossa herança”
eterna (cf. Ef 1 13-14; Gl 4, 6-7, Ti 3, 5-7), mas também para que posamos testemunhar
a respeito da obra de Jesus (cf. Jo 15,26-27). “... é missão do Espírito Santo também
o transformar discípulos em testemunhas
de Cristo” conforme nos recorda João Paulo II, em sua Encíclica Catechese
Tradendae, n. 72. O Catecismo da Igreja
católica (n.683) nos diz que “sem o Espírito não é possível ver o Filho de
Deus, e sem o Filho, ninguém pode aproximar-se do Pai, pois o conhecimento do Pai
é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus se faz pelo Espírito Santo.” E
Paulo VI, em sua Encíclica Evangelli
Nuntiandi, n.75, nos ensina que “nunca será possível haver evangelização sem a
ação do Espírito Santo [...] Ele é aquele que, hoje ainda, como nos inícios da
Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por ele,
e põe na sua boca as palavras que ele
sozinho não poderia encontrar, ao mesmo tempo que predispõe a alma
daqueles que escutam, a fim de a tornar aberta e acolhedora para a Boa Nova e
para o reino anunciado. As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas
ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam
substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do
evangelizador nada faz sem ele. De igual
modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao
espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base
sociológica e psicológica, sem Ele, em breve se demonstram desprovidos de
valor.” Ou seja, é possível ter-se uma abundância de programas, de
planejamentos, de projetos, e até de boas intenções, mas se não levarmos em
conta, de modo efetivo e experiencial (e não apenas com retórica sociológica e
teológica) a participação livre e soberana do operar do Espírito, podemos fazer
muito barulho e colher poucos resultados em nosso trabalho de evangelização.
Quem não leva à missão os recursos do poder do Espírito, dá de si mesmo; e o
que nós temos a oferecer é sempre pouco
para tocar o coração dos homens - uma vez que a mensagem cristã contém
elementos que vão além da simples
capacidade de compreensão intelectual, racional, dos seres humanos. Desde os
primórdios da evangelização, Paulo ressaltava: “O nosso Evangelho vos foi pregado
não somente por palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena
convicção. Sabeis o que temos sido entre vós para a vossa salvação” (1 Tes 1,
5). E mais: “Também eu, quando fui ter convosco, irmãos, não fui com o
prestígio da eloqüência nem da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus.
Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e
Jesus Cristo crucificado. Eu me
apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor. A
minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloqüência persuasiva da
sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, para que vossa fé não se baseasse na sabedoria
dos homens, mas no poder de Deus” (1 Cor 2,1-5). O Concílio Vaticano II, em seu
documento sobre o apostolado dos leigos (Decreto Apostolican Actuositatem, n.
3), advertia: “Impõe-se pois a todos o dever luminoso de colaborar para que a
mensagem divina da salvação seja conhecida e acolhida por todos os homens em
toda a parte. Para exercerem tal apostolado , o Espírito Santo - que opera a
santificação do povo de Deus por meio do ministério e dos sacramentos - confere
ainda dons peculiares aos fiéis (cf. 1Cor 12,7), “distribuindo-os a todos, um
por um, conforme quer” (1 Cor 12, 11), de maneira que “cada qual, segundo a
graça que recebeu, também a ponha a
serviço de outrem” e sejam eles próprios “como bons dispensadores da graça multiforme
de Deus” (1 Pd 4, 10), “para a edificação de todo o corpo na caridade” (cf. Ef
4,16). A obra da Salvação é uma obra de Deus. E para realizar e cooperar com a
obra de Deus, precisamos do poder de Deus, conforme nos foi prometido e dado
(At 1,8). Assim como é louvável buscarmos o mais frequentemente possível a
comunhão com o Senhor na Eucaristia, de igual modo é salutar pedirmos ao Senhor
que nos batize, que nos sature constantemente
com seu Espírito, capacitando-nos adequadamente para a missão. Abrir-se, pois,
ao Espírito Santo e aos seus dons e carismas é a forma concreta de nos deixarmos
interpelar por Sua Palavra e respondermos com fé e generosidade ao chamado que
Deus, privilegiadamente, nos fez em Jesus Cristo , pelo Espírito! Amém!
Partilha
Espontânea
Neste dia, o Dirigente orienta todos sobre a
importância da participação na vida da Comunidade Eclesial (Grupos de
Oração, de Estudos Bíblicos, de Promoção Social. De Pastorais diversas),
como uma conseqüência da consciência de
Pentecostes (At 2,42). Agradece a participação de todos e faz os pertinentes
convites.
Oração
Final
A - Graças, Senhor,
pelo teu Pentecostes, que se renova mais e mais agora. Sabemos que é chegada a
tua hora, e que dispensas os teus dons em profusão...
B - Dá-nos também um
Pentecostes que nos abale, que nos sacuda... Um rápido tufão que da nossa
pequenez nos desinstale; que leve, uivando, a bagatela, o lixo odioso, e ponha
à prova das nossas tendas a firmeza.
A - Dá-nos um
Pentecostes que nos derrube ao chão,
como um vento conquistador, impetuoso; mas que saneie o charco e corte a
estrada que nos conduza à segurança e à certeza.
B - Dá-nos um novo Pentecostes, vendaval que
arrombe portas e janelas: um sinal para sairmos de nós, e aos outros dar
entrada; que sobre o mundo nos dê outro cenário sem os espelhos do nosso
santuário que só nos refletem a nós: a nós e o nada!
A - Dá-nos um novo
Pentecostes, de abrasar, para a nova de Jesus anunciar aos pequeninos, aos que
choram e têm fome, para que cresçam e riam, em teu nome! Má nova aos grandes,
cuja vida é um não. Sejam todos pequenos, em teu nome, e chorem, para obter o
teu perdão.
B - Dá-nos um novo
Pentecostes, fogo e chama, que queime em
nós o erro e a mesquinhez, rasgando a selva e secando a lama... fazendo ver com
nova limpidez visões de apocalipse e de verdade: tua verdade, serena, a uma só:
a vida que é nossa, na Trindade... e, além do pó, um encontro já marcado: a
eternidade!
A - Dá-nos um novo
Pentecostes, que, além disto, purifique o
ouro em nós, até brilhar e refletir no mundo Jesus Cristo.
B - Dá-nos um novo
Pentecostes, que faça ardente tocha da tua igreja. Firmados nessa rocha o mal
não poderá nos arrastar.
T - Renova-a
dia-a-dia, para que mais e mais dê glória
a Deus, para que mais e mais sejamos teus, até o renascer na Parusia! Amém.
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